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Na quarta reportagem sobre o tema, as entrevistadas são as professoras Liane Mählmann Kipper e Ana Luiza Teixeira de Menezes  

Neste ano, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) comemora 30 anos de Iniciação Científica. Nestas três décadas, diversas são as histórias e lutas para que a Universidade conquistasse o patamar de excelência. 

Na quarta reportagem sobre o tema, os entrevistados são as professoras Liane Mählmann Kipper, que foi pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, 2004 a 2010; e Ana Luiza Teixeira de Menezes, que foi pró-reitora de Extensão e Relações Comunitárias, de 2009 a 2013.

Para Liane, um dos grandes desafios, enquanto gestora, foi iniciar outros ambientes de inovação. “Uma sala de aula, para mim, é um ambiente de inovação, mas o mundo estava se transformando digitalmente, e a Unisc começou a pensar em outros ambientes de inovação. Na época, trazer o Parque Científico, Tecnológico Regional (TecnoUnisc) era um grande desafio, porque as pessoas, primeiro, precisavam entender que inovação é essa, pensar em tecnologias inclusivas.”

Num primeiro momento, com os recursos que vieram do Governo Federal, se pensou em qual espaço colocar o TecnoUnisc. Foram visitados outros locais em Santa Cruz do Sul, mas a opção por mantê-lo na Universidade foi justamente por ser um espaço de conhecimento. “O Parque é alimentado de que? De conhecimento. É onde está este conhecimento? Nos grupos de pesquisa, nos cursos de graduação, pós-graduação stricto sensu, tudo que está dentro da Universidade.”

O início foi com o Centro de Excelência em Produtos e Processos Oleoquímicos e Biotecnológicos, que tem uma forte ligação com o mestrado e doutorado em Tecnologia Ambiental. “Então, o nosso Parque tinha sempre que estar relacionado a projetos em parceria, onde está o conhecimento de ponta, que são os nossos Programas de Pós-Graduação, assim como na graduação. São movimentos que estão acontecendo hoje, porque lá em 2004 a Unisc pensou em fazer um Parque.” 

O Parque foi o primeiro da região e um dos primeiros no interior do Estado. “Naquela época existia a incubadora de empresas da prefeitura, algo mais genérico que não precisava de uma base de inovação tecnológica. Então, esse degrau a mais foi a Unisc quem deu. Por exemplo, eu posso incubar uma padaria, mas essa padaria pode criar um software para atendimento online. Muitos pensam que faz tanto tempo, mas não, são quase 20 anos e o avanço tecnológico é exponencial. Hoje, qualquer empresa precisa se manter no mercado, com ferramentas tecnológicas, senão ela morre. Então, o Parque veio neste sentido também, de empresas mais produtivas, trabalhos mais assertivos, tanto para serviço como para produção.”

Com o avanço do Parque e suas pesquisas, Liane sente-se realizada. “Às vezes os projetos sucumbem, dependendo da governança que se tem. E esse projeto ficou. Naquela época só tínhamos empresas incubadas e hoje já temos empresas hospedadas há anos. Só que todo movimento traz algo novo que tem que ser pensado do ponto de vista sustentável. E não só o ambiental, o econômico-social, o acesso das pessoas a essas tecnologias que precisa ser para todos e eu acho que o Parque veio para promover isso, ser um grande elo de inclusão tecnológica.”

Fotos: Bruna Lovato/Unisc

Liane

Liane Mählmann Kipper

A criação dos núcleos de extensão

Já Ana Luiza aponta como momento marcante da época em que esteve na pró-reitora de Extensão e Relações Comunitárias a criação dos núcleos de extensão. Eles tinham a função de aumentar a relação da Universidade com a comunidade e também articular o processo de extensão. “Articular a ação fora da universidade com a publicação, estudos, sistematização das vivências e construção de conhecimentos. Então, os núcleos tinham essa tarefa também.”

Ela cita como exemplo o Núcleo de Ação Comunitária, para que mais estudantes fizessem extensão. “O Núcleo abriu para que todos, muitos estudantes, pudessem se inscrever e conhecer espaços comunitários. E até hoje ele existe. Foi um intenso movimento, em que a Universidade falou muito de extensão, enquanto com a ação de projetos comunitários.”

Outro fato marcante foi a transformação do Salão de Extensão para Ensino e Extensão. “Acontecia ao mesmo tempo, mas não tinha a integração entre ensino e extensão. Então, naquela época, fizemos o primeiro encontro e houve essa articulação maior das duas pró-reitorias. Isso já foi um núcleo, uma semente para a curricularização da extensão, que hoje já está consolidada. E os trabalhos precisavam articular essa concepção educativa de fazer ensino e extensão.”  

A partir de então, passa a se falar, também, mais fortemente da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. “Porque temos uma ideia, no geral, que extensão é para fazer, ensino é para socializar e pesquisa é para produzir conhecimento. Trabalhamos numa ideia de que podemos produzir conhecimento a partir da extensão, e de que podemos trabalhar extensão na sala de aula.”

Com o tempo, foram conseguidas bolsas de extensão nos editais. “Da mesma forma que começamos a fazer formações para os bolsistas de extensão, de forma mais intensa. E eu me lembro também de um edital que ganhamos, o único no Brasil, pela Caixa Econômica Federal, me surpreendeu, porque era um encontro que tinha professores, estudantes, e estávamos aprendendo a fazer editais. A ideia era conseguir um espaço na Praça da Matriz para que os indígenas, durante seis meses, pudessem vender artesanato. E conseguimos esse recurso.”

Outro momento marcante citado por ela foi a criação do Fórum de Ação Solidária dos Recicladores de Santa Cruz do Sul. “Começamos a articular esse fórum, aí vinham professores, estudantes, catadores de lixo, lideranças comunitárias, pessoas da sociedade interessadas nessa questão ambiental, e isso começou a crescer. Era a Universidade fazendo a articulação, a mediação, que é a função da extensão. Então teve um empoderamento muito grande.”

Ana considera o momento como de muita formação, de valorização da extensão, de articulação nacional, de conversas e de articulação entre as pró-reitorias. “É mais do que integração, indissociabilidade entre ensino e pesquisa e extensão. Esse fazer junto, onde ensino, pesquisa e extensão, dependem, se articulam entre si, e dependem um do outro.”

Ela finaliza demarcando o conceito de extensão. “É quando você trabalha para a autonomia dos processos comunitários, dos processos participativos. E onde isso se torna um processo de aprendizagem do aluno, no momento em que ele vai em uma comunidade, aprende, troca, constrói o processo participativo, faz mediações, provoca. Esse aprendizagem, aprendizagem de uma ética solidária, de uma ética colaborativa, atravessando os muros da Universidade.”

Ana

Ana Luiza Teixeira de Menezes

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Na quarta reportagem sobre o tema, as entrevistadas são as professoras Liane Mählmann Kipper e Ana Luiza Teixeira de Menezes  

Neste ano, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) comemora 30 anos de Iniciação Científica. Nestas três décadas, diversas são as histórias e lutas para que a Universidade conquistasse o patamar de excelência. 

Na quarta reportagem sobre o tema, os entrevistados são as professoras Liane Mählmann Kipper, que foi pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, 2004 a 2010; e Ana Luiza Teixeira de Menezes, que foi pró-reitora de Extensão e Relações Comunitárias, de 2009 a 2013.

Para Liane, um dos grandes desafios, enquanto gestora, foi iniciar outros ambientes de inovação. “Uma sala de aula, para mim, é um ambiente de inovação, mas o mundo estava se transformando digitalmente, e a Unisc começou a pensar em outros ambientes de inovação. Na época, trazer o Parque Científico, Tecnológico Regional (TecnoUnisc) era um grande desafio, porque as pessoas, primeiro, precisavam entender que inovação é essa, pensar em tecnologias inclusivas.”

Num primeiro momento, com os recursos que vieram do Governo Federal, se pensou em qual espaço colocar o TecnoUnisc. Foram visitados outros locais em Santa Cruz do Sul, mas a opção por mantê-lo na Universidade foi justamente por ser um espaço de conhecimento. “O Parque é alimentado de que? De conhecimento. É onde está este conhecimento? Nos grupos de pesquisa, nos cursos de graduação, pós-graduação stricto sensu, tudo que está dentro da Universidade.”

O início foi com o Centro de Excelência em Produtos e Processos Oleoquímicos e Biotecnológicos, que tem uma forte ligação com o mestrado e doutorado em Tecnologia Ambiental. “Então, o nosso Parque tinha sempre que estar relacionado a projetos em parceria, onde está o conhecimento de ponta, que são os nossos Programas de Pós-Graduação, assim como na graduação. São movimentos que estão acontecendo hoje, porque lá em 2004 a Unisc pensou em fazer um Parque.” 

O Parque foi o primeiro da região e um dos primeiros no interior do Estado. “Naquela época existia a incubadora de empresas da prefeitura, algo mais genérico que não precisava de uma base de inovação tecnológica. Então, esse degrau a mais foi a Unisc quem deu. Por exemplo, eu posso incubar uma padaria, mas essa padaria pode criar um software para atendimento online. Muitos pensam que faz tanto tempo, mas não, são quase 20 anos e o avanço tecnológico é exponencial. Hoje, qualquer empresa precisa se manter no mercado, com ferramentas tecnológicas, senão ela morre. Então, o Parque veio neste sentido também, de empresas mais produtivas, trabalhos mais assertivos, tanto para serviço como para produção.”

Com o avanço do Parque e suas pesquisas, Liane sente-se realizada. “Às vezes os projetos sucumbem, dependendo da governança que se tem. E esse projeto ficou. Naquela época só tínhamos empresas incubadas e hoje já temos empresas hospedadas há anos. Só que todo movimento traz algo novo que tem que ser pensado do ponto de vista sustentável. E não só o ambiental, o econômico-social, o acesso das pessoas a essas tecnologias que precisa ser para todos e eu acho que o Parque veio para promover isso, ser um grande elo de inclusão tecnológica.”

Fotos: Bruna Lovato/Unisc

Liane

Liane Mählmann Kipper

A criação dos núcleos de extensão

Já Ana Luiza aponta como momento marcante da época em que esteve na pró-reitora de Extensão e Relações Comunitárias a criação dos núcleos de extensão. Eles tinham a função de aumentar a relação da Universidade com a comunidade e também articular o processo de extensão. “Articular a ação fora da universidade com a publicação, estudos, sistematização das vivências e construção de conhecimentos. Então, os núcleos tinham essa tarefa também.”

Ela cita como exemplo o Núcleo de Ação Comunitária, para que mais estudantes fizessem extensão. “O Núcleo abriu para que todos, muitos estudantes, pudessem se inscrever e conhecer espaços comunitários. E até hoje ele existe. Foi um intenso movimento, em que a Universidade falou muito de extensão, enquanto com a ação de projetos comunitários.”

Outro fato marcante foi a transformação do Salão de Extensão para Ensino e Extensão. “Acontecia ao mesmo tempo, mas não tinha a integração entre ensino e extensão. Então, naquela época, fizemos o primeiro encontro e houve essa articulação maior das duas pró-reitorias. Isso já foi um núcleo, uma semente para a curricularização da extensão, que hoje já está consolidada. E os trabalhos precisavam articular essa concepção educativa de fazer ensino e extensão.”  

A partir de então, passa a se falar, também, mais fortemente da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. “Porque temos uma ideia, no geral, que extensão é para fazer, ensino é para socializar e pesquisa é para produzir conhecimento. Trabalhamos numa ideia de que podemos produzir conhecimento a partir da extensão, e de que podemos trabalhar extensão na sala de aula.”

Com o tempo, foram conseguidas bolsas de extensão nos editais. “Da mesma forma que começamos a fazer formações para os bolsistas de extensão, de forma mais intensa. E eu me lembro também de um edital que ganhamos, o único no Brasil, pela Caixa Econômica Federal, me surpreendeu, porque era um encontro que tinha professores, estudantes, e estávamos aprendendo a fazer editais. A ideia era conseguir um espaço na Praça da Matriz para que os indígenas, durante seis meses, pudessem vender artesanato. E conseguimos esse recurso.”

Outro momento marcante citado por ela foi a criação do Fórum de Ação Solidária dos Recicladores de Santa Cruz do Sul. “Começamos a articular esse fórum, aí vinham professores, estudantes, catadores de lixo, lideranças comunitárias, pessoas da sociedade interessadas nessa questão ambiental, e isso começou a crescer. Era a Universidade fazendo a articulação, a mediação, que é a função da extensão. Então teve um empoderamento muito grande.”

Ana considera o momento como de muita formação, de valorização da extensão, de articulação nacional, de conversas e de articulação entre as pró-reitorias. “É mais do que integração, indissociabilidade entre ensino e pesquisa e extensão. Esse fazer junto, onde ensino, pesquisa e extensão, dependem, se articulam entre si, e dependem um do outro.”

Ela finaliza demarcando o conceito de extensão. “É quando você trabalha para a autonomia dos processos comunitários, dos processos participativos. E onde isso se torna um processo de aprendizagem do aluno, no momento em que ele vai em uma comunidade, aprende, troca, constrói o processo participativo, faz mediações, provoca. Esse aprendizagem, aprendizagem de uma ética solidária, de uma ética colaborativa, atravessando os muros da Universidade.”

Ana

Ana Luiza Teixeira de Menezes

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