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Luiz Augusto Costa a Campis e Silvio Cezar Arend relembram dos esforços iniciais para que a Instituição fosse reconhecida como referência

Neste ano, a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) comemora 30 anos de Iniciação Científica. Nestas três décadas, diversas são as histórias e lutas para que a Universidade conquistasse o patamar de excelência. E nada melhor do que iniciar esta série de reportagens com duas pessoas que participaram ativamente das primeiras ações para o reconhecimento da Universidade na pesquisa.

Atual coordenador do Núcleo de Arte e Cultura da Unisc, Luiz Augusto Costa a Campis, também foi pró-reitor de Pesquisa e Extensão de 1993 a 1998, vice-reitor de 1993 a 1994 e reitor de 1998 a 2006. Ao lado do atual coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Relações Internacionais, Silvio Cezar Arend, que também foi coordenador de Pesquisa entre 1993 a 1995, 1997 a 1998, 2002 a 2006, Campis lembra de como iniciou, de fato, a pesquisa na Unisc enquanto Universidade. 

“1993 foi o ano em que foi criada a Universidade. Quando estávamos trabalhando com a comissão de implantação, o professor Wilson Kniphoff da Cruz me disse que eu seria o responsável por organizar a pesquisa, pós-graduação e extensão da Universidade. Extensão nós tínhamos clareza de como é e já fazíamos. A pós-graduação tinha toda uma legislação do MEC para seguirmos. A pesquisa que era a grande questão para nós”, lembra.

Depois disso, no segundo semestre de 1993 Campis, Arend e a professora Maria Regina Alves Rodrigues (à época lotada no Departamento de Química) foram visitar aquela que era considerada a principal Universidade quando se falava em pesquisa na época: a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Lá nós estivemos em diferentes departamentos. Fomos recebidos pelos pró-reitores, pelo vice-reitor, exatamente para nos explicar como é que eles organizaram um modelo que era tão famoso. Ficamos lá alguns dias vendo como que montaram a incubadora tecnológica, como que organizavam as pesquisas, como pagavam os professores, o escritório de projeto, as soluções do atendimento à comunidade, como entravam as demandas para a universidade e como distribuíam isso internamente e faziam o atendimento”, recorda Campis. 

Foi então que a Unisc partiu do zero e implantou a pesquisa dentro da casa. “Nós implantamos em 1994 o Polo de Modernização Tecnológica do Vale do Rio Pardo e o primeiro Mestrado em Desenvolvimento Regional no Brasil, ou seja, foi uma série de atividades que nós tínhamos que fazer, isso sem ter ainda um corpo docente altamente qualificado e titulado. E não posso deixar de falar que a Universidade sempre investiu muito em planos de qualificação, encaminhando seus professores para mestrado e doutorado com recursos próprios. Só para ter uma ideia, trouxemos doutores da Espanha para cá, para qualificar o nosso corpo docente”, diz. 

A chegada do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, o primeiro PPG da Unisc, foi justamente para atender aos anseios da comunidade e para qualificar os professores da Unisc. “Quando o professor Wilson disse que eu iria ser o responsável por implantar o primeiro mestrado, eu estava terminando o meu mestrado e tivemos que ser responsáveis por implantar um curso de mestrado, quando nós não tínhamos doutores aqui dentro. Desta forma, buscamos professores de outras instituições e criamos um Mestrado em Desenvolvimento Regional que era multidisciplinar. Na primeira turma, por exemplo, a maioria era de professores da Unisc que buscavam a capacitação”, fala Silvio.

Unisc, como Universidade Comunitária, sempre vinculando pesquisas à região

Ao longo dos 30 anos, a Unisc, como Universidade Comunitária, sempre teve o intuito de vincular pesquisas à região. O Polo de Modernização Tecnológica, hoje TecnoUnisc, foi criado em cima daquelas possibilidades que a Instituição tinha de oferecer alguns serviços, mas também a partir de uma pesquisa. “O professor Silvio coordenou uma pesquisa na região vendo quais eram as principais necessidades a partir das potencialidades que nós tínhamos aqui dentro. E aí nós definimos áreas que nós iríamos desenvolver: a área de alimentos, por conta da nossa região agropecuária; a área de polímeros, porque a física e química na Universidade tinham essa expertise; e também a área de meio ambiente, algo que sempre tivemos preocupação”, destaca Campis.

A Universidade sempre buscou se ancorar na importância de resolver problemas que eram reais. “Não só na pesquisa teórica, que é importante também, mas nós tivemos essa preocupação desde o início. E isso caracteriza uma universidade comunitária do nosso tempo. Ou seja, a Universidade tem que ter a pertinência, tem que ser importante para a região. E isso a gente fez. E sempre buscando qualificação.”

Para os professores, a universidade só se tornou logo conhecida no Estado, por causa da excelência. “Nós fomos a Universidade mais jovem do Rio Grande do Sul e a primeira do interior, tirando as federais, a ter um mestrado. Isso mostra a disposição, a vontade, a visão que tínhamos de que precisávamos nos qualificar. Enfim, a partir do nada, como dissemos, não existia nada. E a Unisc, na época, se tornou vanguarda das universidades comunitárias no Rio Grande do Sul”, ressalta Campis. 

1º Seminário de Iniciação Científica

O ex-reitor lembra com clareza do 1º Seminário de Iniciação Científica da Unisc que aconteceu em outubro de 1995. “Ele foi fruto, era uma necessidade, uma obrigação que existia por parte da Instituição. A partir do momento em que nós nos tornamos Universidade passamos a fazer parte do Plano Nacional de Iniciação Científica, que era bancado pelo CNPq. E, portanto, nós tínhamos como compromisso realizar um seminário de iniciação científica. Então, nós tínhamos que propiciar aos nossos estudantes que apresentassem os resultados dos projetos de pesquisa em que atuavam e também convidar estudantes de fora.”

Segundo ele, o primeiro foi realizado como uma obrigação e depois se institucionalizou, virando uma cultura na casa. “Eu e o Sílvio participamos do Seminário das Universidades Gaúchas, que foi na Unijuí, onde se reuniam, uma vez por ano e discutiam quais os projetos que seriam aprovados, quantas bolsas iriam para cada instituição. Então, nós iniciamos com 10, que era o mínimo que cada instituição tinha que ter, mas nós queríamos muito mais, nós tínhamos demanda para mais, mas foi assim que começou a iniciação científica aqui.”

Na época, a Unisc só tinha as bolsas de extensão, que era o forte da atuação da Universidade e somente algumas bolsas de Iniciação Científica. “Não tinha toda uma organização, um sistema de controle, acompanhamento, de concessão das bolsas. As iniciativas eram bem menos organizadas, o próprio número de professores doutores, vinculados à pesquisa, era bem menor. Para nós era quase que um mundo novo, uma possibilidade, uma porta que se abriu quando nos transformamos em Universidade.”

Assim, a Unisc precisava ter um comitê de avaliação, de seleção dessas bolsas, um comitê interno e também avaliadores externos para qualificar a posição de pesquisa dentro da casa. “Na época não tínhamos currículo Lattes e era uma dificuldade para descobrir quem eram os pesquisadores do CNPq com bolsa de produtividade, que, como contrapartida da bolsa, tinham que fazer a avaliação dos projetos de pesquisa solicitando bolsa de iniciação científica. Depois, ao final, tínhamos que apresentar esses resultados num seminário, tipo uma prestação de contas para o CNPq. Vinham novamente os avaliadores para verificar os resultados. No início avaliavam as solicitações de bolsa, ranqueavam até o limite de bolsas e, um ano depois, avaliavam os relatórios em conformidade com o plano de trabalho, com os resultados alcançados”, relembra Sílvio.

Foto: Bruna Lovato/Unisc

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Luiz Augusto Costa a Campis e Silvio Cezar Arend

 

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