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Natural do município, Giana Diesel Sebastiany tem uma trajetória na educação e na saúde

Entre os dias 10 a 12 de novembro, Sobradinho realiza a 26ª edição da Feira do Livro e 15ª Ferarte. A programação ocorre na Rua Coberta e, neste ano, tem como patrona a diretora de Ensino da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Giana Diesel Sebastiany.

Natural de Sobradinho e com grande apego pelo município, local em que ainda moram os pais e diversos parentes, Giana relembra a trajetória dela na educação e como se apaixonou pelos livros. “Eu estudei os meus primeiros anos no Grupo Escolar Lindolfo Silva, que tinha até a quarta série. Lá existia uma biblioteca chamada Monteiro Lobato. Eu li quase tudo que eu podia ler pra minha idade. Eu lia muito, muito mesmo”.

Foi mais ou menos nesta época que ela teve contato com a poesia. “Foi com um livro do Mario Quintana que o meu pai tinha em casa. Li por volta dos 6, 7 anos de idade. A partir dali, eu me apaixonei pelo Mario Quintana, me apaixonei pela poesia, pela leitura. Cada vez que os meus pais viajavam, eles traziam livros pra eu ler. Quando eu viajava, também comprava livros. Naquela época não tinha internet e eu viajava para outros universos através da leitura. E essa paixão pela leitura se transformou na minha paixão por escrever.”

Depois da Escola Lindolfo Silva, a partir da quinta série até o final do Ensino Médio, Giana estudou na Escola Estadual Padre Benjamin Copetti onde cursou Magistério para ser professora dos Anos Iniciais. Depois, foi para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e cursou Educação Especial com habilitação na área de Deficiência Intelectual. Em Florianópolis, Santa Catarina, fez mestrado e começou a dar aula em uma escola municipal, para crianças da primeira série. “Lá fui muito feliz e me senti realizada”, relembra.

Logo depois, fez um concurso na Universidade Federal de Santa Catarina e começou a lecionar na instituição. Foi então que surgiu a oportunidade de fazer um concurso na Unisc. “Como Santa Cruz era mais perto da minha família e sempre tive uma ligação afetiva muito grande com ela, eu quis voltar para perto”, diz ela que já atua há 25 anos na Unisc e concluiu o doutorado em Desenvolvimento Regional na instituição. 

Família com trajetória marcante na saúde de Sobradinho

Mas antes disso, ela tem uma trajetória também na área da saúde. A família, em Sobradinho, tinha o Hospital Sebastiany, hoje Hospital São Evangelista. “Meu avô se formou e iniciou a atividade profissional como médico em Sobradinho. Era uma pessoa extremamente querida pela comunidade e também uma pessoa bastante humilde. A minha avó trabalhou também no hospital como enfermeira e fez em torno de mil partos, inclusive eu nasci pelas mãos dela. Meu pai é oftalmologista, meu irmão também é médico, minha irmã é enfermeira, grande parte dos meus primos são da área da saúde.”

Uma das pessoas que ela diz ter feito ser quem ela é hoje, é a avó Hulda. Ela administrava o hospital da família praticamente sozinha, já que ficou viúva cedo. “Mesmo assim continuou uma trajetória como chefe de família, mantendo todos nós sempre muito unidos. Foi vereadora, foi presidente da Câmara, local em que todos os outros vereadores eram homens. Foi uma das primeiras mulheres a dirigir em Sobradinho. Ela pegava o jipe que tinha e ia atender partos no interior. Eu lembro da minha avó muito mais no hospital. Quando eu tinha que conversar com ela eu ia até lá. Esse exemplo de uma mulher forte, ao mesmo tempo carinhosa, ao mesmo tempo preocupada com os outros, fez muito do que eu sou hoje, então eu me espelho muito nela.”

Sonho de transformar a pediatria foi realizado pelos livros

Atualmente, Giana é também diretora de Ensino e Pesquisa do Hospital Santa Cruz (HSC). Quando começou a trabalhar no HSC ela tinha um sonho de transformar a ala da pediatria. E esse sonho ela acabou direcionando para, primeiro, escrever alguns livros. “O primeiro deles foi sobre o anjinho Lino. Depois do anjinho Lino, que virou um mascote, eu escrevi outros cinco livros, todos que falam do Lino, da Laila e da sua turma. Com a venda dos livros e por termos cedido os direitos das obras para o hospital, conseguimos transformar os corredores da pediatria, criar uma identidade para as crianças, com os personagens. Eu fui em escolas, eu contei histórias, as crianças conheceram os mascotes, interagiram com eles e isso me traz uma sensação muito boa de dever cumprido e por ter feito alguma coisa pelas crianças, de tanto que eu aprendi com elas durante a minha formação.”

Exposição será o diferencial na feira

Giana, que também é membro correspondente da Academia Centro-Serra de Letras, já foi homenageada em edições anteriores da feira. Agora, como patrona, ela quis levar algo diferente para a feira, mais do que as crônicas, os livros que escreveu. Terá uma exposição que faz parte da pesquisa desenvolvida por ela no pós-doutorado sobre as práticas, os artefatos de cura utilizados pelas famílias na Zona Rural e na Zona Urbana de Sobradinho. “Eu tenho feito essa pesquisa com a parceria da minha irmã, que é enfermeira de uma unidade básica de Sobradinho, e com oito agentes comunitários de saúde. Visitamos as famílias, fotografamos as práticas de cura e selecionamos algumas falas com essas famílias. São reflexões minhas a partir da vivência com essas famílias e também versos da música popular brasileira. Eu procurei organizar tudo isso numa exposição que fizesse sentido, que as pessoas pudessem sentir o que significam esses artefatos de cura e as práticas de cura para essas famílias no contexto do município de Sobradinho.”

Levar a exposição como diferencial, para ela também é uma maneira de agradecer. “As lembranças que eu tenho do que os meus professores ensinaram ficarão para sempre e me marcaram muito. Eu sou muito grata ao município e sou muito grata por ainda ter minha família lá. Certamente quando eu vou para lá eu me sinto voltando para o ninho.”

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