Profissionais do curso de Farmácia da Unisc reforçam que medicações utilizadas de forma inadequada podem danificar o pleno funcionamento do organismo
As incertezas que surgiram com a pandemia pelo novo coronavírus têm feito com que a população busque formas de prevenção por conta própria, acreditando que assim estarão mais seguras. Atentos ao momento, profissionais farmacêuticos temem que haja aumento na problemática da automedicação, que já é cultural no Brasil, devido à crise da Covid-19. No “Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos”, celebrado em 5 de maio, a professora do curso de farmácia da Unisc, Mênia Brandenburg Back, reforça os riscos de se medicar quando não há uma necessidade real, considerando que esta ação pode, até mesmo, protelar o diagnóstico de outras doenças.
Segundo a professora, tem crescido a demanda por suplementos alimentares, como vitaminas e minerais, na busca de fortalecer a imunidade e prevenir a infecção pelo vírus. “Tudo é muito novo quando se trata da Covid-19, então, falar sobre medicamentos que possam prevenir ainda é inseguro. Por exemplo, podemos utilizar a vitamina C e o própolis, que auxiliam na imunidade, mas nada é especifico para o combate ao vírus. Também é preciso compreender que mesmo em casos de uso de antigripais, analgésicos, polivitamínicos ou suplementos minerais, vendidos sem receita médica, podem haver reações adversas”, explica.
O uso indevido de medicação, sem a prescrição de profissionais habilitados, pode causar agravamento de doenças, intoxicação, surgimento de reações adversas e resistência a medicamentos, desestabilizando o pleno funcionamento do organismo. Apesar da existência de tantas opções, para a maioria das pessoas uma alimentação balanceada e diversa é o suficiente para manter o corpo saudável. “Atualmente, o uso indevido de medicamentos é um dos principais motivos de internação hospitalar por intoxicação. Vale lembrar que o uso racional do medicamento é quando o paciente recebe o remédio que necessita para tratar sua doença, na dose adequada e pelo tempo correto”, conclui Mênia.
Como armazenar remédios em casa de forma segura?
É comum ter remédios em casa, advindos de momentos onde houve necessidade de uso, mas eles não devem ser armazenados por muito tempo e precisam de descarte correto para evitar riscos à saúde individual e coletiva. Um remédio descartado em lixo comum ou na privada, por exemplo, pode colocar a vida de outras pessoas em risco pelo uso direto ou indireto. Os componentes químicos presentes em medicamentos podem contaminar tanto a água que é bebida pela comunidade, quanto os alimentos plantados na região. Para auxiliar no processo de armazenamento e descarte de medicações, profissionais do Curso de farmácia da Unisc explicam o que fazer em cada situação:
→ Remédios vencidos
1º Separe todos os medicamentos vencidos;
2º Descarte no lixo comum reciclável apenas a caixa e a bula do medicamento;
3º Coloque os medicamentos em uma sacola ou caixa de papelão;
4º Deixe esta sacola ou caixa separado em local apropriado e longe do alcance de crianças;
5º Quando sair de casa leve o material até um posto de saúde ou farmácia com serviço de descarte de medicamentos. A Secretaria de Saúde de cada município poderá indicar os pontos de coleta.
→ Remédios que sobraram de tratamentos de doenças passadas
Este medicamentos, geralmente, acabam sendo usados inadvertidamente quando não recebem o destino certo. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações. Por isso, descarte-os também, seguindo os passos descritos acima.
→ Medicamentos de uso diário ou esporádico
1º Certifique-se de que este medicamento é ou será necessário;
2º Mantenha-o em sua embalagem original e com a bula;
3º Separe os de uso contínuo daqueles que você utiliza esporadicamente;
4º Guarde-os em local seco, arejado e com pouca luminosidade;
5º Estabeleça um período de 3 em 3 meses para revisar a validade dos seus medicamentos.